A melhor forma de formalizar os serviços de um desenvolvedor

Trabalhar apenas com CPF: vale a pena?

Emitir recibos como pessoa física costuma gerar alíquotas mais altas de IR e INSS. Já manter os tributos em dia, dentro de um CNPJ, transmite segurança ao mercado e abre portas para contratos maiores. O objetivo é encontrar o regime em que você pague o menor imposto possível dentro da lei.

Tabela do IR Pessoa Física (2025)

Simples Nacional e o Fator R

O regime Simples Nacional é o mais utilizado por desenvolvedores. Nele, todos os tributos são recolhidos em uma única guia mensal (DAS) e o cálculo do Fator R (percentual da folha sobre o faturamento) é obrigatório para serviços intelectuais, como TI.

  • Folha ≥ 28 % da receita bruta (últimos 12 meses) → Anexo III
    Alíquotas a partir de 6 %
  • Folha < 28 % → Anexo V
    Alíquotas a partir de 15,5 %

Dica: o CNAE precisa permitir a aplicação do Fator R; veremos isso mais adiante.


Tabela – Anexo III

Tabela – Anexo V

Exemplo prático

  • Faturamento mensal: R$ 20.000
  • Receita anual estimada: R$ 240 000
  • Pró-labore: R$ 6 000 (30 % da receita → Fator R > 28 %)
  • Enquadramento: Anexo III, 2ª faixa (11,2 %)

Alíquota efetiva = (Receita anual X Alíquota) – Dedução  

                                               Receita anual 

Alíquota efetiva: (240.000 X 11,2%) – 9.360 = 26.880 – 9.360 = 17.520 = 7,3%

                                           240.000                     2400.000       240.000 

Imposto mensal: 20.000 × 7,3 % ≈ R$ 1 460

Lucro Presumido

É alternativa válida, mas não se beneficia do Fator R. Se o faturamento oscilar para baixo, a carga pode ficar maior que no Simples. Vale simular antes de migrar.

Por que desenvolvedor não pode ser MEI?

Embora a profissão não exija registro em conselho, o MEI veda atividades intelectuais de TI; todos os CNAEs de programação estão fora dessa modalidade.

Obrigações contábeis de um desenvolvedor

  1. Escrituração contábil
    • Obrigatória no Lucro Presumido/Real; recomendável no Simples (para distribuir lucros isentos).
    • Livro Diário, Razão, Balanço, DRE.
  2. Emissão de NFS-e
    • Prestação de serviços exige nota eletrônica municipal.
  3. Apuração de tributos e declarações
    • Simples: DAS mensal + DEFIS anual.
    • Presumido/Real: IRPJ / CSLL / PIS / COFINS / ISS + SPEDs, DCTF, EFD.
  4. Pró-labore
    • INSS (11 %) e IRRF quando aplicável.
  5. Folha e encargos trabalhistas (se houver empregados).
  6. Distribuição de lucros
    • Isenta se houver contabilidade regular; sem balanço, a Receita pode requalificar como salário.

Escolha do CNAE: impacto no anexo

CNAEDescrição resumidaAnexo padrãoPode migrar via Fator R?
6201-5/01Desenvolvimento sob encomendaVSim (para III)
6201-5/02Softwares customizáveisVSim (para III)
6204-0/00Consultoria em TIVSim (para III)
6319-4/00Portais e provedores de conteúdoIII

Uma empresa no Anexo V, sem pró-labore adequado, pode pagar o dobro de imposto em comparação a outra no Anexo III.


Qual é, afinal, o melhor regime?

  • Faturamento até ~R$ 4,8 mi/ano: Simples tende a ser mais vantajoso, desde que o Fator R seja monitorado.
  • Faturamento maior ou margens muito altas: simule Lucro Presumido.
  • Independentemente do regime: mantenha acompanhamento contábil.

Contabilidade digital

Ferramentas como a Fortmobile entregam livros, guias e emissão de notas diretamente no celular, simplificando o dia a dia do desenvolvedo

Escolher corretamente regime tributário e CNAE faz toda a diferença para atuar com segurança, economizar impostos e manter-se regular. Conte sempre com um contador especializado em negócios de tecnologia — estamos aqui para ajudar.